domingo, setembro 09, 2007

satisfação espúria do ego

tua cama, tua roupa, teu corpo molhado, desses cachorros estressantes que vem me acordar à noite. segredo! vem aqui com o meu sutiã! é o nome dele. segredo! vem aqui. tudo bem, liga o david bowie no rádio e a gente escuta tranquilão.

tava lendo um texto teu, meu camarada. Acho engraçado quando as pessoas falam assim, meu camarada! dou algumas risadas, mas teu texto é bom. Leva pra lavanderia e dá uma sacada quanta roupa velha está secando por lá. Te juro que ia fazer sucesso. mas você não tem muita cara de ser monocromático, monofóbico, mono qualquer coisa que eu vou procurar agora no dicionário. monossílabo, monopólio, monoácido. o lance é que é preciso prestar muita atenção nessas coisas. que do ego a gente só cuida escondido, mas tem que cuidar com cuidado. eu fico ouvindo abobrinha o dia inteiro só pra passar o tempo, eu sei que você também faz isso. a gente tem bastante coisa pra conversar. a gente tem muito pra se olhar e se estranhar., não é? quando dá pra ver a vida se fondo lá de longe e o pensamento é mesmo pensar que tem muito pra viver e pra buscar. mas eu queria mesmo é te ouvir de verdade. me contar tudo da vida que você acha que sabe. desdaquele dia, você mijando fora do pinico. o pinico mijando fora de você. eu escuto assim, tudo parecendo pouco pra me interessar. tudo me interessando desse jeito mesmo. parecendo pouco demais e eu acendo um cigarro, como eu nunca fumo. arranho meu tempo nessa nossa babaquice de ficar trocando e resolvo todos os nossos problemas. fico te esperando, esperando a vida me esperar. comunicação.

outrodia ele me perguntou se me comia de oito ou de quatro. porra, meu velho. não sei, desde que estourou essa alergia no meu dedo tenho andado tão só. engraçado é que só pode ser homem ou pode ser só-mulher. você entende quando chove? eu não entendo absolutamente nada. cachorro molhado na minha cama não, não, meu bem, tira ele daqui. re-escrevo as coisas tantas vezes que fico me perguntando o que é mesmo que eu queria desdizer. fico perdida nessa merda desse estado fora de controle. dessa tristeza que é sempre melancolia pra mim. Minas Gerais é um estado de espírito. Ou você ri ou você vai embora. Ninguém quer gente se sentindo sozinha aqui, entendeu? tomo uma cachaça todo dia. a menina nem pergunta mais o que eu podia querer, como se precisasse querer outra coisa. vou e grito assim desse jeito, irene! irenezinha, ô irene! chega aqui... e ela me trás uma branquinha. uma pretinha. uma azulzinha. uma de todas as cores. é bom. fico treinando de esterilizar essa minha alma que não é nada mineira.

não se preocupa em entender demais. entende só linha por linha. que senão você vai acabar essa merda pensando que é tudo dadaísmo. e não é. eu não brinco assim com dadaísmo à toa. brinco de outras coisas à toa, outras horas à toa. agora não. agora eu falo pra ir fundo no teu pensamento e você ficar pensando que porra é essa que tá entrando. olha bem pra mim. não me decepciona antes da chuva passar. tá?

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