domingo, setembro 09, 2007

mar e filosofia

Qualquer coisa de triste havia me tocado a pelve. Perguntei seriamente se a verdade era tua ou minha. Talvez nossa se eu não tivesse chorado tanto e tantas noites seguidas. Deitamos eu e você lado a lado na areia. Senti muitos mares me tocando, muitos ventos, mas meu coração que antes te amava, deve ter ido embora, e por quase muito tempo, ingenuamente até esqueceu que você estava ali. Aproximou seu ouvido do meu, ouvi tuas necessidades de se entregar e fui correndo pro mar, como uma boa moça que não se importa. E não me importava mesmo, só queria estar longe de você, longe de mim. Dei algumas braçadas na água, gelavam-me o peito inteiro. Vez por outra te olhava para ter certeza de que ainda me seguia. Me seguia sim, mas autorizado por outra coisa maluca que ainda tinha malícia.

Resolvi me aproximar, havia prometido isso a ti, disse para que voltássemos à areia, voltamos. Deitamos mais uma vez para o céu, para o sol, e para nós, tudo já se perdia. Meus dedos logo acariciavam os teus, e como um corpo que não se entende, minha boca comia areia em busca de não te alcançar. Virou-se de lado, pôs os lábios no meu pescoço, e esperou que eu tomasse a decisão. Peguei tua boca e pus dentro da minha. Engoli tuas salivas enquanto imaginava estar gostando ou não, daquele beijo. Talvez fosse bom, e talvez eu não precisasse te amar tanto para querer, de repente, tocar você.

Paramos, pegamos fôlego, você riu como se a nossa relação tivesse sido sempre essa, como se eu tivesse sempre não-te-amado e mais, como se você não tivesse reparado nenhuma mudança. Quis te castigar de alguma maneira, mas não era raiva o que eu sentia, era querer te desejar tanto quanto antes pra poder também te odiar. Você olhou para mim, e como se não precisasse de mais céu nenhum, sugeriu que saíssemos dali. Consenti com os olhos e saímos. Tirei a areia das mãos, molhei minhas pernas, fui correndo à sua frente enquanto suava e secava meu corpo.

No carro, mais filosofia e uma expressão meio sem graça de quem já ia trepar. Não por mais, Trepamos. Mas só com a sensação, porque dessa vez eu não quis. Pedi para que me deixasse em casa, sem menos, você com ar de quem sabe de tudo e de nada calou e me disse sem surpresa nenhuma: tudo bem, a gente trepa outro dia.

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