domingo, setembro 09, 2007

s

imagina, eu era um homem, e enquanto confundia minha mulher com você, te comia. enfiava minhas espátulas no fundo da sua garganta, porque agora amígdala não se chama mais amígdala e sim toncíla. sentei no bar, o frio congelava as têmporas, dizia a ti que eu não tinha têmpora nenhuma, nem tempo, se é que eu podia fazer uma rima besta dessas. o dia inteiro bebi vinho, e vinho do bom, porque dessa vez eu peguei de casa escondido, embrulhei num saco plástico, vim bebendo de mansinho no ônibus, e ia imaginando a desculpa bebada que eu tinha pra te ver. à noite, cansada de choro e de querer transar contigo, deitei minha cabeça na mesa, algo como quem diz: me afaguem os cabelos, ó pessoa. minha nuca abandonada fugiu por aí, e levantei o queixo percebendo que todas as caras se viravam. todas menos a sua, e menos a de todo mundo, na verdade, só a menina que eu tinha desprezado a alguns minutos é que não conseguia olhar para mim. te morderia, é óbvio que eu te morderia, e minhas mãos fincariam em qualquer parte do teu corpo, assim como fincam minhas lágrimas. e não é choro. ou pelo menos não é tristeza. a tristeza eu vomitei naqueles trocentos goles de vinho com gin e rum. era gozo, porque chorar também goza, ou gozar também chora. era você entrar em mim nessa mania que eu tenho de descrever o passado com a minha existencia fétida e bizarra.

que bosta

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