domingo, setembro 09, 2007

fc

seu desleixo desapropriadamente convulsiona minhas palavras confusas. não sei qual verdade de mim devo apresentar-lhe e confesso, me seduzo muito. preciso de um minuto para pegar um copo d’água, talvez mais. entrei pela sua porta, você foi me buscar com os olhos, talvez até com os pés. me pergunto, basta chorar para que você se comova?, ninguém chora nunca. a não ser eu, a teus pés, criatura bisonha, pedindo timidamente um colo. é seu dever comigo, é o dever humano estar com a gente mesmo. me estende lenços de papel, eu digo não, molho tuas coxas com lágrimas inteiras, sempre escapando. posso te dar um soco? posso quiçá depois puxar teu ventre até mim? arrancá-lo? pois você não tem ventre nenhum. não sei qual falta de pudor move essa cadência nossa. é apavorante te abraçar a mil metros de distancia, no quê afinal, teus braços correm? no quê te socorrem? sinto teu coração pulsando no meu ouvido, vibra meu corpo inteiro, teu corpo não vibra nada. pulsa, coagula, estanca. corro na rua, sento nesse asfalto sujo, sinto minhas mãos suadas, meus pés gelados, olho teu carro parado quarenta mil anos. procuro um esconderijo dentro de mim, agacho por detrás dos galhos, arbustos secos, espero, inútil você sair qualquer hora, entrar. desisto em dois segundos, vou andar por aí, encontrar os meus encantos. vinho, quero beber wisky, não bebo nada. fico com sono, preciso dormir, quero chorar de novo, encharco tua pele inteira, demoro. liquidificam todos os santos pensamentos, não durmo de jeito nenhum,. bobagem. recuo. sinto teu peito oco, maciço, transo com todo mundo, transa comigo? espúrios bizarros.

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