domingo, setembro 09, 2007

ground

meus pés pisam esse círculo que nos orienta. pisos de vidro, cacos, manchas do nosso sulco. tive que enfrentar muitas coisas para continuar pisando. esfreguei minhas cascas nas extremidades ásperas que é esse chão quente em dia de sol. sambei, sambei, até não poder mais sambar assim. enquanto meu dedão criava bolhas, me embebedava com a pinga daquela selva. via meus olhos tremendo, meu espirito inseguro que começava a brotar novamente para fora. descobri, mais uma vez, amar um homem de barba - você me pergunta porque procurar justificativas em tudo, mas me justifico - sei que é fraternal, afinal, meu pai tem barba e eu não tenho seios para grandes arranhões. preciso entender e estender a minha vida na terra. ao menos por um segundo no qual ainda não me encaixo nos trilhos. são concretos e urbanos, como fazer natureza no meio deles? quero que a água dissolva tudo que sobrou de mim, extrair os cravos do meu pé. sinto na ponta de toda a pele algumas questões mal resolvidas - ao curar sintomas, eles se transferem para outros lugares - pergunte-me a raiz do problema, contraio o sumo de muitas coisas e no momento não sei o que fazer com isso. tenho nas mãos uma sabedoria besta, emagrece, perde o sentido se é que não posso sincronizar minha alma dupla. acho que temos duas almas. a alma do corpo e a alma da mente, encarnar é equilibrar e mergulhar naquilo que pode existir entre as duas. é a junção das sensações de dor e desejo, porque dor é desejo, mas imbecilmente nascemos e nos criamos para separar os filhos das mães. enfrento muitos calos e tenho vontade de expurgá-los de mim. preciso, no entanto, que o líquido me santifique. outros calos virão, que sejam bem recebidos.

é por isso que meus joelhos vibram. porque há vida. e é no momento em que me escuto.

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